A dor no joelho é uma das queixas mais comuns nos consultórios de ortopedia. Ela pode ter diversas causas, como lesões ligamentares, problemas na cartilagem, inflamações ou alterações ósseas. Para identificar a origem do problema, o exame clínico é fundamental. Por isso, existem diversos testes específicos que ajudam o médico a descobrir o que está acontecendo dentro do joelho. Conhecer esses testes é importante, tanto para os profissionais da saúde quanto para quem quer entender melhor o próprio corpo.
Neste artigo, vamos explicar de forma simples como é feita a avaliação clínica do joelho doloroso. Vamos falar sobre os principais testes ortopédicos, para que servem e como podem ajudar no diagnóstico. Vale lembrar que apenas um profissional habilitado deve realizar esses exames, pois envolvem manobras que, se mal executadas, podem causar dor ou até piorar alguma lesão já existente.
O objetivo aqui é ajudar você a entender melhor o que o médico faz durante o exame físico do joelho. Assim, na hora da consulta, fica mais fácil acompanhar as explicações e tirar dúvidas sobre o seu caso.
Observação e Inspeção do Joelho
Antes de qualquer teste específico, o ortopedista começa observando o joelho com atenção. Ele analisa o formato, a cor da pele e se há algum inchaço ou deformidade. Às vezes, só de olhar, o médico já consegue suspeitar de problemas como derrames articulares, que deixam o joelho mais inchado e brilhante, ou de alterações no alinhamento, como joelho valgo ou varo.
Outro ponto importante na inspeção é observar se há atrofia muscular, principalmente no músculo da coxa chamado quadríceps. Quando há dor ou problemas no joelho, a pessoa tende a usar menos a perna afetada, e isso faz com que a musculatura diminua de volume. Essa perda de massa muscular pode influenciar a estabilidade do joelho e prejudicar ainda mais a recuperação.
Por fim, o médico verifica se há cicatrizes, hematomas ou sinais de trauma recente. Esses detalhes ajudam a contar a história do joelho e podem dar pistas valiosas sobre a causa da dor. A inspeção é, portanto, o primeiro passo essencial na avaliação clínica.
Palpação: Sentir para Diagnosticar
Depois da inspeção, vem a palpação. O médico toca diferentes áreas do joelho para identificar pontos de dor, calor ou alterações na textura dos tecidos. A palpação ajuda muito a localizar a dor, pois nem sempre o paciente consegue explicar exatamente onde dói. Além disso, pode revelar sinais de inflamação ou acúmulo de líquido na articulação.
Um dos testes simples é o sinal do “choque patelar”, em que o médico pressiona a patela contra o fêmur para sentir se há líquido acumulado. Se houver um som ou sensação de batida, é um indicativo de derrame articular. Outro ponto comum de palpação é a linha articular, onde o médico pressiona suavemente para ver se o paciente sente dor, o que pode sugerir lesões no menisco.
A palpação também serve para avaliar estruturas como os ligamentos laterais, tendões e bursas ao redor do joelho. Com isso, o médico começa a ter um mapa mais claro de onde está o problema, ajudando a direcionar os testes seguintes.
Testes para Avaliar os Ligamentos do Joelho
Entre as estruturas mais importantes do joelho estão os ligamentos, responsáveis por manter a estabilidade da articulação. Quando há uma lesão ligamentar, o joelho pode ficar instável, dando a sensação de “falhar” ou “sair do lugar”. Para investigar essas lesões, o ortopedista realiza testes específicos.
Um dos testes mais conhecidos é o Teste de Lachman. Nele, o paciente fica deitado, com o joelho levemente dobrado. O médico segura a coxa com uma mão e a parte inferior da perna com a outra, puxando a perna para frente. Se houver frouxidão anormal, isso pode indicar lesão do ligamento cruzado anterior, estrutura importante para a estabilidade do joelho.
Outro exame bastante utilizado é o Teste de Gaveta Anterior e Posterior. O paciente também fica deitado com o joelho dobrado. O médico empurra a perna para frente e para trás, como se estivesse abrindo ou fechando uma gaveta. Movimento exagerado sugere lesão dos ligamentos cruzados, seja o anterior ou o posterior.
Há também testes para os ligamentos colaterais, localizados nas laterais do joelho. O médico aplica força para dentro ou para fora da perna, verificando se há dor ou frouxidão. Esses testes são essenciais para saber se o joelho está estável ou se precisa de tratamento específico, como fisioterapia ou até cirurgia.
Testes Para Avaliar os Meniscos
Os meniscos são cartilagens em forma de meia-lua dentro do joelho, que ajudam a absorver impacto e a estabilizar a articulação. Lesões nos meniscos são muito comuns, principalmente em pessoas que praticam esportes ou sofrem torções no joelho. Para descobrir se há lesão, o ortopedista faz alguns testes especiais.
Um exemplo é o Teste de McMurray. Durante o exame, o paciente fica deitado, e o médico dobra e gira a perna em diferentes posições. Se houver um estalido ou dor localizada, pode ser sinal de lesão no menisco. É um exame que exige prática, pois a sensibilidade do teste pode variar dependendo de como ele é feito.
Outro teste bastante usado é o Teste de Apley. O paciente deita de barriga para baixo, com o joelho dobrado. O médico empurra a perna para baixo e faz movimentos de rotação. Dor ou estalidos podem indicar problemas nos meniscos. Esse teste também ajuda a diferenciar se a dor vem do menisco ou de outras estruturas, como os ligamentos.
Os testes meniscais, embora úteis, nem sempre confirmam o diagnóstico de forma definitiva. Muitas vezes, é preciso associar os achados clínicos a exames de imagem, como a ressonância magnética. Mesmo assim, eles são fundamentais para guiar o raciocínio médico.
Testes Para Detectar Derrame Articular
O derrame articular, ou acúmulo de líquido dentro do joelho, pode ocorrer por diversos motivos, como inflamação, trauma ou doenças articulares. Identificar a presença de líquido é um passo importante, pois pode direcionar o diagnóstico para causas específicas.
O Teste do “Baloteamento” da patela é um método simples para detectar derrame. O médico pressiona o líquido acumulado na parte superior do joelho em direção à patela. Depois, faz pressão na patela para baixo. Se houver líquido, a patela “afunda” e depois retorna, dando a sensação de flutuar. Esse é um sinal clássico de derrame articular.
Outro método é o “sinal da onda”, no qual o médico pressiona a parte interna do joelho e observa se há uma onda de líquido indo para o outro lado da articulação. Esse teste é útil, principalmente em casos de derrames menores, que podem passar despercebidos em exames mais rápidos.
Detectar derrame articular não apenas confirma a presença de um problema, mas também indica a necessidade de investigar doenças como artrose, sinovites ou até quadros infecciosos. Por isso, esses testes são tão importantes na avaliação do joelho doloroso.
Conclusão
A avaliação clínica do joelho doloroso é essencial para descobrir o motivo da dor e planejar o tratamento adequado. Cada teste ortopédico tem a sua importância e ajuda o médico a entender melhor as estruturas envolvidas. Desde a simples observação, passando pela palpação e pelos testes específicos, cada etapa fornece informações valiosas.
É importante lembrar que esses testes só devem ser feitos por profissionais capacitados. Embora muitos pareçam simples, exigem prática e conhecimento para serem executados com segurança e precisão. Um exame clínico bem-feito evita diagnósticos errados e pode poupar o paciente de exames desnecessários.
Se você sente dores no joelho, não hesite em procurar ajuda médica. O diagnóstico correto é o primeiro passo para retomar suas atividades sem dor e com qualidade de vida. Entender um pouco mais sobre como seu joelho é avaliado ajuda a participar ativamente do seu tratamento e a cuidar melhor da sua saúde.